Estou lendo um livro que meu namorado me mandou, Psicologia da Evolução Possível ao Homem, de Piotr D. Ouspensky. Não o li inteiramente e, portanto, este post é um rascunho sobre partes que já li.
Ano passado, por alguns meses, fiz um curso de extensão (que ajudaria em uma monografia ou coisa do tipo) ofertada por uma professora que admiro muito: Curso de Felicidade. Não era um curso de auto-ajuda (para a infelicidade de alguns), mas sim para conhecermos a área da Psicologia Positiva. Valeu à pena para conhecer mais meus colegas (e outros colegas também!). Obviamente, aquilo que era tradado no curso facilmente poderia ser convertido em auto-ajuda, mas enfim.
Um dia de curso, tratamos de um grande problema: como viver no momento? Lembro-me que nos deram um bombom de chocolate. A professora disse para saborearmos o bombom, vagarosamente. Aquele seria o momento para nos dedicarmos ao bombom. Em outro encontro, se não me engano, ela propôs um exercício: quanto tempo conseguiríamos ficar "sem pensar"?
Lendo determinada parte do livro, então, o autor discute sobre a consciência, o que é estar consciente. Ele propõe um exercício parecido com o da professora (pelo menos para mim), no qual se deve olhar para o ponteiro dos segundos de um relógio e pensar em nossa consciência, no momento presente. Eu tentei e durou poucos segundos. Continuei a leitura: dois minutos, no máximo, seria o tempo que um ser humano "normal" conseguiria ficar consciente. Diz o autor, então, que confundimos a consciência com a memória e nossos processos de pensamentos.
Ocorreu-me, ao ler essa parte, que nossa "consciência" não é de nós mesmos. É dos outros. É como pegar seus olhos. Você jamais se vê por completo, inteiro - a não ser que olhe para um espelho. Entretanto, o outro... ah, o outro vemos por completo, podemos ver mais que nós mesmos, em um sentido mais físico. É tão fácil também atribuir emoções aos outros e, mesmo que você erre, será pela falta de exatidão da emoção atribuída - triste, melancólico, ou feliz, contente, eufórico.
O que o autor tenta demonstrar é que perdemos algo precioso, nós mesmos. Sabemos de nossos sentimentos, mas isso é estar consciente de si mesmo? Sabemos o que queremos e não queremos, mas é realmente isso? Acho que poderia dizer que "sei" que o homem não sabe o que quer. Ele quer.
O ato de querer pode ser atribuído ao tipo de mundo ao qual estamos acostumados a lidar: um mundo que exige (e dá, de certa forma) um objeto de conceito abstrato - dinheiro -, exige que o homem use esse objeto para comprar roupas, alimento, tecnologia, amor, amigos, felicidade...
Discurso clichê, eu sei. É possível ver em vários lugares (e ouvir de em uma roda amigos em um bar qualquer) esse tipo de fala. Se é repetido, não tem valor? Ahem... Passamos para outra parte do discurso clichê: o homem parou de pensar, age como uma máquina qualquer, trabalha, volta pra casa... é um robô...
E posso passar para o difícil conceito de consciência retratado pelo autor: o pensar. Ele, porém, se recusa a dizer que é isso (mesmo porque não é). Deixamos de ter consciência há tempos, deixamos de pensar há tempos. Isso se equipara. Este pensar específico tem o valor da consciência. Porque usamos o "pensar" no discurso, a roda de amigos concorda com o "filósofo" e voltam a discutir sobre carros que saíram nos EUA. Afinal, os outros deixaram de pensar, mas nós... ah, nós não!
E voltam para suas casinhas os amigos, para o próximo dia, de ressaca, irem para o trabalho...